Minha família é piracicabana de origem.
O primeiro Silva Gordo no Brasil, Antônio José da Silva Gordo é fundador de Limeira.
Suas filhas gêmeas, Maria Ignês e Adelaide Benvinda, casaram com os irmãos Moraes Barros. A primeira com Manoel, Senador da República e Adelaide Benvinda com Prudente, primeiro presidente civil do Brasil.
Meu avô paterno, José (Juquinha) era neto de José Antônio e sua mulher, vovó Calú (Carolina), era neta de Marianna, os dois filhos do primeiro casamento de Antônio José. Vovó Calú era nascida em Piracicaba.
O pai de vovó Calú, Adolpho Nardÿ de Vasconcellos faleceu como presidente da Câmara Municipal de Piracicaba, e foi enterrado com todas as glórias e pompas, com desfile pelas principais ruas da cidade e feriado municipal decretado.
Em 1969, meu pai, José Adolpho da Silva Gordo, comprou a Usina Monte Alegre (que veio dentro da Refinadora Paulista, que ele adquiriu da família Morganti) e em 1970 o Engenho Central de Piracicaba (que veio com a aquisição da Societe de Sucreries Brésiliennes, que ele nacionalizou e transformou em Usina Brasileiras de Açúcar).
Desde então nossa relação com a cidade de nossos antepassados se estreitou ainda mais, se tornando uma relação mais emocional e mais participativa.
Papai, que era um piracicabano honorário apaixonado, cedeu por preço abaixo do mercado as terras que formaram o Distrito Industrial, criado no gestão do Prefeito Maluf.
Com o crescimento da cidade, as terras das duas usinas acabaram por tolher o crescimento urbano de Piracicaba.
Devido a isso, papai se viu forçado a desenvolver as terras mais próximas da cidade, criando os loteamentos de Terras de Engenho, Santa Rosa (com terras do Engenho Central) e Santa Rita (com terras da Usina Monte Alegre).
Com a venda destas terras e com a impossibilidade de se continuar a transportar cana por dentro da cidade para alimentar a moenda do Engenho Central, papai fechou o Engenho e transferiu sua quota de produção e seu equipamento para a Usina Tamoio de Araraquara.
Da mesma forma, a Usina Monte Alegre foi vendida para a família Ometto e as terras mais distantes da cidade foram vendidas para a Usina Costa Pinto e para Dovílio Ometto, então diretor da Dedini.
Conosco permaneceu a sede da Monte Alegre, a igreja e o escritório. Temos também algum terrenos urbanos, pontas de fazendas que permaneceram conosco.
Os prédios do Engenho Central foram desapropriados pela prefeitura municipal.
Com a doença e o falecimento do meu pai, coube a mim terminar de arrumar o que sobrou desse patrimônio, dando a estes terrenos e prédios uma utilização, que pretendo fazer de modo que beneficie toda a população da cidade e deixe um marco definitivo de nossa passagem por Piracicaba.
Ontem mesmo estive em Piracicaba aonde me reuni com o Presidente do Lar dos Velhinhos, Dr. Jairo Mattos.
Quando papai faleceu a 4 anos atrás, mamãe e eu mostramos a intenção de vir a doar a sede da Monte Alegre para o Lar dos Velhinhos de Piracicaba.
Agora o que eu pretendo fazer, é fornecer ao Lar dos Velhinhos um projeto de aproveitamento desse patrimônio, que venha a fornecer uma receita constante para a manutenção da entidade, evitando assim que sua diretoria tenha que desviar sua atenção e seus esforços para o fechamento mensal de suas necessidades de caixa.
Juntamente com esse projeto de aproveitamento para o Lar dos Velhinho, estou planejando com o arquiteto Prof. André Blanco da Unicamp, com quem acabo de assinar um contrato, uma utilização de uma área nossa no Boulevard de acesso ao Engenho Central. É nossa idéia e somar os nossos esforços ao do Prefeito Barjas para revitalizar toda essa área, transformando-a em um Polo Cultural do Estado de São Paulo.
Nos escritórios da Monte Alegre pretendemos criar um Polo Ecológico (o termo ainda não é definitivo) para São Paulo.
Começamos ontem o planejamento, e vou colocando aqui o progresso conforme for sendo realizado.
Prometo que na próxima postagem vou escrever em um protuguês menos empolado.
(Esse texto está sendo postado simultâneamente no Blog Me Lembro)
foto de Christino Diehi
